quarta-feira, 25 de julho de 2012

Peixeiro do Além

Essa eu lembrei esses dias e corri postar, pq já nem lembrava mais.
Foi na época que ele ainda era um bebezinho e a maioria das palavras nem falava direito.
Passava toda terça um senhor, vendendo peixe, numa motinho, onde ele buzinava repetidamente e gritava de um jeito bem peculiar, mais ou menos assim:
- PEXEEEEEEERO, VAI PASSAAANDO O PEXERO. VAI TILÁPIA, VAI PORQUINHO, VAI...CAMARÃO, CAMARÃO...PEXEEEEEERO"
e seguia buzinando "bibibibibibi   bibibibibibi"
Aquilo era terrível pro meu pequeno, Saulinho não sabia de onde vinha aquela buzina, e muito menos entendia uma palavra que o homem gritava. Saía disparado toda vez que o som começava, vinha pro meu colo, coração disparado.
Um dia eu resolvi acabar com a situação. Coloquei o Saulinho no colo e contei:
- Filho...esse som, é do peixeiro. O peixeiro, é o homem que vende peixe. Ele é um homem normal, tem a casa dele, a família dele, acho que é um homem bom. Ele vende peixe, e para que as pessoas saibam que ele está passando, ele grita "Peixeiro". Filho, vc entendeu?
Balançou a cabeça em sinal de que tinha entendido.
Semana seguinte, da minha cozinha, ouço longe o buzinar do homem, e fico paralisada aguardando a reação do meu filho, que estava na sala.
"PEXEEEROOO..."
E vem meu menino disparado, mesmo pavor no rosto, pula no meu colo, me agarra e diz quase sem respirar, mais ou menos assim:
"Mãe, mãe, mãe, é o pexero mãe, ele é um homem que vende peixe mãe, ele é um homem bom, ele tem a casa dele, e tem o filho dele, e ele fica gritando pexero e buzinando mãe, é o pexero, é o pexero"

Eu acolhi ele nos meus braços. Não importava quem era o homem, ou o que ele fazia, ele deixava o Saulo apavorado de qualquer forma. Mas a gargalhada estava garantida.

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